quarta-feira, 20 de julho de 2011

Palavras...

Um cigarro que se acende, uma pequena pena preta, um sorriso, um gesto, uma alegria ao vê-la subir uma rua. Detalhes de que se lembrava porque, afinal, a vida é feito disso mesmo… detalhes. Corpos que se fundiam no calor do Verão; não era amor incondicional, mas era algo mais que só físico. Garrafas que se abriam, brincadeiras que se faziam, para que ela se sentisse leve, sem peso algum de passado. Havia algo de bonito e belo, sensibilidades que se mostravam, tabus que não existiam, tinta que escorria em papel de carta, poemas que floresciam, olhos que se molhavam em despedidas. Havia uma magia que elevava uma amizade a patamares de beleza onde sentimentos de ambos conviviam sem limite; a transparência, a honestidade, a lealdade, corriam alegres pela estrada fora. Corriam sim, mas em sentidos opostos desde o tiro de partida. Ele olha para trás e repara que ela não está lá. “Para onde foi?”. O seu instinto de descobridor, apurado ao longo dos anos, num tiro percebeu: “Está a correr em sentido contrário…”.“Tenho que ir buscá-la!”, pensava. Afinal, aquele caminho em sentido oposto já por ele tinha sido trilhado e aprendera que o asfalto, orientado naquele mesmo sentido, é muito abrasivo, deteriora confianças, quebra relações, constrói vidas de medos, vergonhas e culpas. E então, aparelhou o seu cavalo e, galopando mais rápido que uma seta, aproximou-se e gritou a plenos pulmões “Hey! That´s not the way!”. Estendeu a mão. Ela aceitou. E estão dos dois de novo a trilhar o caminho da vida, agora ambos no caminho certo, sem falsas promessas mas tirando partido de toda a plenitude que a verdadeira amizade pode oferecer. Nessa verdadeira amizade, sem nuvens ou jogos , não precisam de existir desculpas porque os amigos não precisam e os inimigos não acreditam…

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