domingo, 7 de março de 2010

Pai




Pai, não estava preparado... Ninguém estava preparado para que nos deixasses. Tanta coisa que ficou por dizer e por fazer! Bem sei que eras uma pessoa fechada nos teus pensamentos mas eu também! De tal modo que não sei se ficaste a saber o quanto te amava. Uma vez disseste-me que a relação pai-filho passa por várias fazes: a primeira, quanto o filho é criança, a adoração pelo pai é profunda; a segunda, na adolescência, o filho começa a questionar o pai; a terceira, o filho adulto acha que já sabe tanto o mais que o pai; e a quarta, chegou mais depressa do que estava à espera - é o voltar à primeira.


Quero que saibas o quanto gosto de ti, o quanto admiro a coragem que sempre tiveste para ajudar os outros, para fazeres mais do que muitos, que pouco ou nada fazem para que haja justiça no mundo. Tantas vezes deste o corpo às balas que criaste uma aureola de imortalidade à tua volta. Mas infelizmente a imortalidade não existe...


Hoje choro, e choro bem a tua partida. Sinto-me inadequado porque não sei o que fazer. Sinto-me desorientado porque não te posso telefonar. Encontro-me em negação porque ainda não acredito. Sinto raiva porque nunca quis este momento. Do pouco conforto que sinto, é de achar que nos últimos instantes da tua vida foste verdadeiramente feliz!


Logo escreverei mais, agora não tenho forças...


Pai, sinto muita tua falta!